Crônica- Nas asas de uma borboleta: o que é liberdade para você?

O que é liberdade para você? Essa foi a pergunta que vi um homem fazer na TV, e a crônica que você vai ler a seguir é minha tentativa de responder esse questionamento.
Minha resposta não tem a pretensão de pôr fim a essa questão, ela está mais para uma história (in) verídica que envolve elementos inicialmente desconexos:
  • uma cidadezinha do interior;
  • um filho ouvinte;
  • uma mãe historiadora e sua amiga de infância “perdida na vida”;
  • um velho curandeiro/feiticeiro/conselheiro e…
  • uma borboleta;
Ficarei grato se essa mistura incompatível conseguir ao menos te fazer refletir sobre o significado da liberdade.

Boa leitura!

O que é liberdade?
Minha mãe me falava de um lugar, uma cidadezinha do interior, com aquela paz e tranquilidade que não se vê mais com tanta facilidade, onde era possível desafiar os limites do sonho e do impossível.
 
Ela dizia que os habitantes desse lugar estavam acostumados a enfrentar as “porradas da vida” e tinham uma força interior que não permitia que a chama da esperança se apagasse.
 
O que me chamava mais atenção toda vez que ela contava essa história, era a existência de uma pequena casa, supostamente encantada e local onde existiam mistérios jamais resolvidos.
 
Fico imaginando como minha mãe sempre conseguia ter uma visão tão cheia de detalhes sobre qualquer acontecimento que me contava e duvido muito da veracidade dos fatos, mas mãe é mãe!
 
De qualquer modo, me dou a liberdade de contar a história com base no que ela me contou, mas a partir da minha imaginação!
 
Continuando…
 

O velho mais sábio que o mundo já viu

Gosto de pensar que a casinha misteriosa tinha o desenho de um coração na porta da frente.
 
Seu Estêvão era o nome do único morador da casa misteriosa, e minha mãe jurava que ele era o velho mais sábio que o mundo já viu.
 
Ela falava e jurava diante de Deus, que ele decifrava sonhos, rezava de olhado, curava doenças incuráveis e gostava de mascar fumo.
 
Por várias vezes ela afirmou que seu Estêvão também era conselheiro e tudo que dizia parecia ter um toque divino, uma luz inspiradora que tocava as almas que iam até ele em busca de cura, orientação ou apenas jogar conversa fora.
 

A menina triste que vivia com a cabeça nas nuvens

Minha mãe tinha uma amiga de infância chamada Lucinha, que vivia com a cabeça nas nuvens, sempre caminhando com passos desanimados e “toda atrapalhada”, sem saber onde pôr as mãos.
 
Um dia Lucinha disse aos pais que ia sair para passear, mas na verdade ela foi caminhar sozinha nas estradas da cidadezinha, fingindo que estava indo embora e deixando a vida no campo para trás.
 
Nunca conheci a verdadeira Lucinha, mas sinto que era uma menina triste e solitária, do tipo que não sabe que carrega uma centelha de força em seu peito que só precisa do incentivo certo para desencadear a combustão.

Encontro com um conselheiro familiar

Segundo minha mãe, enquanto caminhava tristemente para lugar nenhum, Lucinha ouviu uma melodia celestial no ar e viu o velho Estêvão surgir repentinamente em sua frente, como se fosse um raio de luz.
 
Ele a abraçou como sempre e depois olhou em seus olhos com um brilho no olhar visto somente nas mais belas estrelas do céu noturno.
 
“Há quanto tempo, minha sobrinha preferida!”
 
“Mas o senhor só tem eu de sobrinha!” Lucinha disse sorrindo, depois de tradicionalmente pedir a benção do tio.
 
Seu Estêvão foi logo perguntando o que estava deixando a jovem tão triste, mas ela ficou mais interessada em saber por quê ele achava que ela estava triste.
 
Obviamente ele fingiu não ouvir e fez outra pergunta à jovem:
 
“Quer um conselho?”
 
Lucinha respirou fundo, provavelmente lembrando que o tio sempre lhe dava conselhos, mesmo quando dizia que não os queria.
 
Acho que ela deve ter se perguntado se “chateação” seria um item de fábrica de todos os tios, mas também lembrou que seu Estêvão lhe dava bons conselhos.
 
“Tô me sentindo perdida! Tô cheia de problemas pra resolver e com a vida de cabeça pra baixo!”
 
Com sua calma e serenidade de sempre, seu Estêvão disse à sobrinha que “a vida é cheia de desafios, mas eles nunca andam sozinhos!”
 
“Em cada dificuldade, ele continuou, há uma lição a ser aprendida e uma oportunidade a ser abraçada para que nosso espírito possa florescer ainda mais.”
 
A menina encarou o tio com os olhos cheios de curiosidade e quis saber de que maneira as dificuldades poderiam trazer oportunidades.
 
O velho sorriu, talvez sentindo que havia fisgado a atenção da sobrinha, e depois começou a contar uma história.
 
Dificuldade, oportunidade e florecer

A borboleta da liberdade

Ele falou sobre uma borboleta que saiu do casulo, mas que não tinha asas muito fortes.
 
No começo ela se sentia limitada e presa ao medo de enfrentar a altura e o vento, mas decidiu continuar sua luta e não desistiu de voar.
 
Depois de muitos desafios, a borboleta descobriu que suas asas eram apenas parte do que precisava para levantar voo, pois também era necessário ter coragem, principalmente para enfrentar o medo.
 
Determinada, ela desbravou lugares e paisagens, voou e caminhou, sorriu e chorou, mas não deixou de espalhar inspiração e ternura pelo mundo!
 
Lucinha ouviu toda a história atentamente e de coração aberto, suspirando esperança.
 
A história contada por seu tio a fez entender que as tempestades são cortinas para oceanos de possibilidades aguardando para serem aproveitadas.
 
“Acredite no poder que existe dentro de você, Lucinha, um fogo ardente que nasceu juntamente com seu espírito. Essa é a mensagem que essa história tão simples nos ensina.”
 
“Se você quer fortalecer suas asas, encare os desafios como eles são: pesos para seus músculos e distâncias a serem desbravadas, depois voe até aterrizar em seus sonhos.”
 
Lágrimas escorreram sobre a face de Lucinha, mas ela não estava mais triste. Estava agradecida!
 
Sua alma havia despertado para enfrentar qualquer jornada, desta vez alimentada pela crença em seu próprio e imensurável potencial!
 

LIBERDADE! Atransformação que a vida reserva

A vida na cidadezinha continuou serena, com as mesmas pessoas de sempre, mas agora Lucinha carregava a chama da esperança em seu coração.
 
Seu Estêvão e seus conselhos permaneceram em sua mente e aonde quer que fosse, ela dava o seu melhor para conquistar seus objetivos e ensinar o que aprendeu.
 
Agora ela enxergava as oportunidades de crescimento e transformação que a vida reserva, mesmo aquelas que as adversidades tentavam camuflar.
 
Lucinha agora não tinha mais medo de ser quem realmente era: uma borboleta com o poder de conquistar tudo aquilo que pudesse imaginar.
 
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Tahgoe
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A história dessa cidadezinha se tornou uma inspiração para mim, uma espécie de fonte de sabedoria, otimismo e coragem. Um símbolo de liberdade!
 
Acredito que é esse tipo de história que deveríamos guardar no coração, para enfrentar as adversidades e renascer com a força da vida.
 
Abrace sua jornada com coragem e fé, porque dentro de você reside a capacidade de realizar seus sonhos mais extraordinários.
 
Saia do casulo!
 
Porque um dia, de tanto voar, suas asas serão obrigadas a revelar sua força.
 
Muito obrigado por ter lido até aqui e não esqueça de deixar seu comentário ou sugestão.
Capa do livro "A liberdade é uma escolha"
Se você tem a sensação de que vive num casulo, o livro “A liberdade é uma escolha”, de Edith Eva Eger, é a melhor indicação que posso lhe fazer.
 
Descubra como ter coragem, mesmo quando tudo parece perdido, como se libertar de crenças autolimitadoras e da raiva, como lidar com a dor, etc.
 
É um daqueles livros que a gente lê e sente que vale a pena cada página.

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